16 de setembro de 2010

O impacto do escândalo “Receita gate” na disputa presidencial de 2010


No Brasil, há pelo menos duas décadas que o PT e o PSDB se alternam no poder, em rodízio conjugado por ambos. De 1994 até 2002 foi à era tucana, com Fernando Henrique Cardoso na presidência. Já o PT governa desde 2003, ficando até o final de 2010 com o fim do segundo mandato de Lula. Nas eleições presidências deste ano, a polarização ocorre novamente com a candidata Dilma Rousseff (PT) e o candidato José Serra do PSDB.
A menos de um mês das eleições a candidata à presidência da República pelo PT, Dilma Rousseff, lidera a corrida presidencial com 51% das intenções de voto, segundo pesquisa Ibope. José Serra, do PSDB, aparece em segundo lugar com 27% da preferência do eleitorado. Com esses números, a candidata petista venceria as eleições já no primeiro turno. Marina Silva (PV) registrou 8%. Os outros candidatos não chegaram a pontuar. A margem de erro é de dois pontos percentuais. Brancos e nulos somam 6%, enquanto 5% disseram estar indecisos ou não quiseram responder. Em simulação de um segundo turno entre Dilma e Serra, a petista lidera com 55%, contra 33% do tucano.
            Como não poderia faltar em ano de eleições, polêmicas são sempre bem vindas, já que provocam o interesse do eleitor . Em agosto o governo federal descobriu que houve uma quebra de sigilo fiscal da filha do candidato José Serra, Verônica Serra.  O caso, que ficou conhecido como “receita gate”, veio à tona por meio de uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, apontando que documentos da investigação da Corregedoria da Receita Federal revelaram o acesso de dados fiscais da empresária Verônica Serra, filha do presidenciável tucano. Na procuração citada pelo órgão consta a assinatura que seria da filha do candidato tucano feita no dia 29 de setembro de 2009. O genro de José Serra, o empressario Alexandre Bourgeois, também teve seus dados cadastrais acessados no dia 16 de outubro de 2009 no órgão da Receita Federal em Mauá. Os acessos foram feitos no computador da funcionária do Serpro Adeildda Ferreira dos Santos, cedida à agência do fisco em Mauá.O computador de Adeildda foi usado para consultar milhares de dados cadastrais, entre os quais o de Eduardo Jorge e de outras quatro pessoas ligadas ao PSDB. Depois disso, os sigilos de cinco pessoas ligadas ao PSDB foram quebrados no mesmo computador. O 16º Tabelião de Notas de São Paulo afirmou que "o reconhecimento de firma é falso" na procuração supostamente assinada pela filha do candidato José Serra. Verônica também negou que tenha assinado tal documento.
            O candidato do PSDB, José Serra, acusou a rival Dilma Rousseff de estar envolvida no vazamento de informações da filha dele na Receita Federal, “a candidata Dilma está querendo fazer comigo a mesma coisa que o Collor fez com o Lula em 1989. No meio da eleição atacando o Lula em relação à filha, é o mesmo que se procura fazer agora. Ou seja, colocar a minha filha, que não tem nada a ver com isso, no centro de um jogo sujo, fraudulento”, criticou o candidato do PSDB. Coube ao presidente Lula abordar o “receita gate” e esclarecer a posição do partido. Lula ocupou 2 minutos e 15 segundos do horário eleitoral de Dilma na TV. O presidente disse que “um candidato dispara nas pesquisas e aí começam as acusações sem provas”. Por “acusações”, Lula referia-se às frases de Serra, que declarou diversas vezes não ter dúvidas da ligação do PT com a quebra de sigilo fiscal de tucanos. “Infelizmente, nosso adversário, candidato da turma do contra, que torce o nariz contra tudo o que o povo brasileiro conquistou nos últimos anos, resolveu partir para ataques pessoais e para a baixaria”.
            As revelações do caso “gate” brasileiro são diárias, mas mesmo assim terão pouca influência no rumo das eleições presidenciais, que tendem a uma vitória em primeiro turno da candidata petista. As pesquisas mostram que depois do escândalo não houve uma mudança significativa dos candidatos, isso pode ser justificado pela complexidade do assunto para os eleitores, já que boa parte não faz declarações de Imposto de Renda e os altos índices de popularidade do presidente Lula, que conseguiu manter a “reputação” de sua candidata intacta para a população brasileira.
           

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