21 de agosto de 2010

Iguais na diferença


IGUAIS NA DIFERENÇA
Ayalla, Ingrid e Natália

De acordo com dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), há hoje, no Brasil, 24,6 milhões de pessoas portadoras de deficiências (PPDs). Muitas dessas pessoas procuram ajuda para a reabilitação e superam suas limitações, na maioria das vezes o apoio é encontrado primeiramente nos familiares. Particularmente em São João del-Rei há quatro casos de superação da deficiência que chamam a atenção pela determinação e pelo desejo dos deficientes de mostrar seu valor como cidadãos. São eles: Fábio, professor universitário cadeirante e três irmãos idosos, Inácio, Terezinha e Euclides, deficientes visuais e auditivos.
    À psicóloga Aparecida Mercês Silva, foi questionada a definição de superação. Para ela, superação é “acreditar que você pode, é fazer acontecer de uma maneira saudável e natural, é ir além das dificuldades que aparentemente possam existir. Todas as dificuldades serão encontradas se o deficiente não acreditar em si mesmo, se ele for o preconceituoso. Independente das deficiências somos todos diferentes, e é isso que nos torna especiais naquilo que somos ou fazemos”.  Ainda segundo a psicóloga o

apoio da família é muito importante, pois assim o processo de superação se torna mais fácil, e tem uma resposta mais rápida. Em casos que ocorre a superação fica clara a parceria com a família e a demonstração de força e coragem dos mesmos.
Fábio Abreu dos Passos, graduado em Filosofia pela UFSJ e mestre em Filosofia Política e Social pela UFMG tem 33 anos e é cadeirante desde a infância. Após 45 dias do nascimento de Fábio, durante o banho, sua mãe percebeu que uma de suas pernas não mexia e uma semana depois a outra também parou de mexer. A partir de então foi descoberto um desvio na coluna cervical, devido a um possível tombo, e ele perdeu todos os movimentos da cintura pra baixo.
Dona Ezilma, mãe de Fábio, teve três filhos e a convivência entre eles foi muito intensa por não haver crianças vizinhas. De acordo com Fábio sua deficiência nunca foi um motivo para receber tratamento diferenciado por parte de sua família. Ele sempre brincou e foi advertido como todos os outros irmão
Desde criança havia a esperança de que através de um procedimento cirúrgico Fábio recuperasse seus movimentos, por isso ele não iniciou os estudos na idade regular, começando a estudar, somente, aos 18 anos de idade. Outro motivo para não ter iniciado os estudos, foi o fato de anteriormente, ele não ver necessidade
em estudar.
Quando Fábio começou o freqüentar o supletivo já sabia ler e escrever, pois sua irmã o ensinara quando crianças. O ambiente escolar lhe proporcionou fazer amigos, e a partir de então ele começou a sair, ir aos bailes, barzinhos e namorar, como qualquer jovem de sua idade. Sua deficiência física nunca foi motivo para qualquer tipo de discriminação, segundo Fábio, em 33 anos de vida, em tempo algum ele passou por constrangimentos. O entrevistado afirmou ser “totalmente independente”, principalmente após adquirir sua cadeira motorizada. Fábio já ministrou palestras sobre inclusão e superação de deficientes, foi professor do ensino fundamental, médio e de curso preparatório para o vestibular, hoje é professor no Instituto de Ensino Superior Presidente Tancredo Neves –IPTAN.
Márcia Valéria de Freitas Souza é casada, tem três filhos biológicos e três filhos “adotivos”. Na verdade, os três filhos adotivos são tios do seu marido, são eles: Inácio Vital de Souza (78) Terezinha Vital de Souza (79), Euclides Vital de Souza (83). Os idosos são portadores de deficiência visual e auditiva.Todos nasceram surdos e enxergaram até aproximadamente a idade de 20 anos, os problemas são devidos a uma herança genética.
Devido á deficiência desde a infância, os pais os ensinaram uma forma de comunicação através do tato, que foi transmitida também a todas as pessoas próximas. A idade e a deficiência não são empecilhos para os idosos, eles continuam mostrando boa vontade e ajudam nos afazeres domésticos, ficando angustiados quando isso não lhes é permitido.  Segundo Márcia, eles são fortes, saudáveis e muito amorosos com toda família e com quem os visitam. A superação, neste caso, está presente na forma pela qual os três irmãos foram educados, a forma pela qual se comunicam, apesar das dificuldades, e o desejo dos mesmos de viver e provar que podem muito.

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